sexta-feira, 17 de junho de 2011

Apócope da palavra “motorista” nos ônibus de São Luis - MA

   Este trabalho é fruto de uma PESQUISA PILOTO, realizada para a disciplina Lingüística IV, ministrada pela Profª. Dra. Conceição de Maria Araújo Ramos, do Departamento de Letras, do Curso de Letras, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).


1 - Introdução
Este trabalho parte da teoria variacionista, elaborada por William Labov, segundo a qual as línguas não são homogêneas, para investigar a variação sofrida pela palavra “motorista” em contexto de ônibus em São Luis do Maranhão. As variações na língua ocorrem em diversos níveis: fonético, lexical, semântico, morfológico e sintático. Essa pesquisa é de ordem lexical e o fenômeno será observado na fala, e não na escrita. 

2 - Objetivos
Objetivamos analisar os fatores condicionadores dessa variação da palavra “motorista”, segundo a perspectiva variacionista laboviana. Esperamos, assim, também dar uma contribuição para o ensino eficaz de Língua Portuguesa, ao propor, não uma abordagem pedagógica, mas um objeto de ensino que consistirá desse trabalho, mostrando a língua em seu uso real, para falantes reais, nas mais diversas situações.

3 - Fundamentação teórica

Ferdinand Saussure, considerado pai da Lingüística moderna, já observara em seus trabalhos que a língua possui uma estreita relação com a sociedade; porém, é só com os trabalhos de William Labov que serão iniciadas investigações sobre o aspecto da variação lingüística no seio da sociedade. Labov propôs como modelo de pesquisa a teoria da variação lingüística, apresentando um contraponto ao modelo que concebe a língua como homogênea.
A pesquisa sociolingüista, utilizando-se da teoria da variação lingüística, vai analisar a língua falada em suas múltiplas construções, a língua heterogênea, sendo um de seus objetivos sistematizar esse falar. Segundo Tarallo, chama-se variação às formas lingüísticas presentes em uma comunidade de fala. Ao conjunto das formas em variação, dá-se o nome de variantes. O conjunto dessas variantes chama-se variável lingüística. (TARALLO, 2007, pag. 8)

A variação lingüística permite-nos, conforme diz Ronald Beline, “fazer referência a um elemento do mundo por mais de um termo lingüístico.” (BELINE, 2007, pag. 122). Essa variação na pronuncia de um vocábulo ocorre, segundo Ronald Beline, conforme o lugar, ocorrendo variação diatópica, ou segundo a formalidade ou informalidade da situação em que se está falando, o que caracteriza variação diafásica.
Para se expressar em diferentes contextos os usuários da língua lhe imprimem suas especificidades, dando novos sentidos a uma palavra ou atribuindo mais de um termo para denominar um objeto do mundo exterior. Cristiane de Sousa Dutra afirma que: “A língua não é um sistema imutável, sujeita-se à ação do tempo e do espaço como toda criação humana, sofre varias modificações e reflete a diferenças individuais de cada falante.” (DUTRA, 1997, pag. 81).
Por ser mutável, a língua falada, especialmente em relação à escrita, é dinâmica e apresenta-se aberta a novos formas e sentidos por parte daqueles que a manipulam. Investigar esse fenômeno é importante por que, como nos lembra Maria do Socorro Aragão: em todos os processos de variação e conseqüente mudança lingüística é nos aspectos fonéticos e lexicais que começam todos esses processos de variação da língua que poderão se cristalizar numa mudança. (ARAGÂO, 1999, pag. 76).
Sendo assim, é inegável a possibilidade de que a palavra “motorista” seja utilizada com maior freqüência que a sua variante, a exemplo do que ocorreu com as palavras “cinematógrafo”, da qual conhecemos em geral a variante “cinema”, e “motocicleta”, que em geral se fala “moto”, dentre outras.
O termo “apócope” é definido por Thais Cristófaro, em seu dicionário fonético e fonológico, como: “fenômeno fonológico caracterizado pela omissão de um ou mais sons no fim de uma palavra.” (CRISTOFARO, 2011, pag.). Já o dicionário Larousse, define apócope como: “mudança fonética que consiste na queda de um ou mais fonemas ou silabas no fim de uma palavra.” (LAROUSSE, pag. 62). Entre as definições o que há de diferente é a visão mais diacrônica desse fenômeno apresentado pelo Larousse, ao analisar esse fenômeno como um caso de mudança, o que não faz referencia a sua ocorrência no tempo presente.

4 - Obtenção dos dados
Para obtenção dos dados da variação em questão, utilizamos a proposta de sistematização da variação de Tarallo (2006), que consiste em:
 Levantamento de dados da língua;
 Descrição da variável acompanhada da do perfil das variantes;
 Análise dos fatores condicionadores ao uso de uma variante sobre outra;
Encaixamento da variável no sistema lingüístico da comunidade;
Projeção histórica da variável.
Os dados foram coletados em ônibus em situações de embarque e desembarque de usuários. Em seguida realizou-se análise e descrição da variável, bem como dos fatores condicionadores de seu uso em relação à padrão para posterior encaixamento dessa variável no sistema lingüístico dessa comunidade de falantes usuários de ônibus.
Segundo Tarallo (2007 p.11-12):

“As variantes de uma comunidade de falantes encontram-se sempre em relação de concorrência: padrão vs. não-padrão; conservadoras vs. inovadoras; de prestígio vs. estigmatizadas. Em geral a variante considerada padrão é ao mesmo tempo, conservadora e aquela que goza de prestígio sociolingüístico na comunidade.”
.

5 - Variantes consideradas
A pesquisa ocorreu em função de variáveis sociais e lingüísticas. Os fatores sociais serão gênero, faixa etária e estilo, e os fatores lingüísticos foram exatamente as citadas acima: padrão X não-padrão; conservadoras X. inovadoras; de prestígio X estigmatizadas.
6 - Análise dos dados
Durante algumas observações, foi possível verificar a ocorrência do fenômeno denominado apócope, com a palavra “motorista”, dentro de ônibus em diversas situações, sendo a mais constante em situações em que o motorista ultrapassar o ponto para desembarque de passageiro, causando a revolta destes.
 Quando estava entrando no ônibus, em um local onde não era permitido parar, um usuário cumprimentou o motorista dizendo:
 - “Valeu, motora”
Nesse “diálogo”, temos a ocorrência da apócope na fala de um homem aparentando 40 anos de idade e ser de classe social de pouco prestígio. Essa ocorrência se dá em um contexto que exige pouca formalidade dos falantes, visto que se trata de um hábito constante entrar em ônibus e pressupõe-se que falar com um motorista, é o mesmo que falar com outros da sua categoria, já que não se fala com ele de forma individualizada. 
Em outra ocasião, o motorista estava superlotando o ônibus, então os usuários começam a gritar:
- “Vamos, motora, porra, já tá cheinho aqui e tu ainda que botar mais gente?”
Observa-se aqui, mais uma vez que há informalidade por se tratar de um hábito falar com o motorista como se este fosse uma categoria profissional, e não falar com ele de forma individualizada. Nessa ocasião houve ocorrência na fala de diversos usuários do ônibus Cohatrac IV.
A ultima situação a ser elencada, consistiu-se de uma na qual uma estudante queria descer e o motorista estava passando do seu ponto. Ela então puxou a corda várias vezes e falou:
- “Ei, motora, tu não tá vendo eu puxar isso aqui não, eh? Porra, dá próxima vez vai parar na casa da tua mãe!
Nessa situação, a exemplo do que ocorreu na segunda, ocorre a apócope seguida de xingamento. A estudante que realizou esse fenômeno aparentava ter entre 18 a 20 anos e ser de classe social de pouco prestígio, além de estar em contesto informal, pelos motivos já expostos.

7 - Conclusão
Percebemos que as conversas são sempre aparentemente unilaterais, sendo os turnos exercidos pelos usuários, que também escolhem os tópicos conversacionais. Outro fato é que em geral, essas ocorrências da variante “motora” são mais freqüentes em situações em que os usuários estão irritados com o motorista por ele ultrapassar sua parada, sendo acompanhada de um xingamento. Observa-se que há informalidade por se tratar de um hábito falar com o motorista como se este fosse uma categoria profissional, e não falar com ele de forma individualizada. Percebemos também que os fatores sociais “gênero” e “faixa etária” não influenciam tanto nessa ocorrência e sim os fatores “classe” e “estilo da situação”. Esperamos que essa pesquisa possa contribuir para o estudo da língua falada. Estamos certos que é necessário uma observação mais detalhado do desempenho dos falantes estudados para analisar como o estilo afeta, de fato, seus usos de cada modalidade da língua, porém o caráter de trabalho acadêmico dessa pesquisa não permite trabalho mais detalhado.


Referencias.
DUTRA, Cristiane de Sousa. Estudo piloto da variação ter/haver na norma lingüística culta da cidade de Salvador. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS, João Pessoa, 1997. Anais João Pessoa: Idéia, 1997.
AGUILERA, Valdeci de Andrade – org. Português no Brasil: estudos fonéticos e fonológicos. Ed. Vel. Londrina – PR, 1999.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolingüística. Editora ática - 7ª edição; São Paulo, 2006.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Novos Tempos


Estamos a quatro décadas posteriores aos maiores holocaustos. E se foi realmente o mundo  cresceu, e não estancamos de repente,  por que ainda  não temos voz ativa nem mandamos em nosso destino?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Espírito Pascoalino







E então não é natal, é páscoa!
Agora o meu espírito não é de natal 
Nem de carnaval, é "pascoalino"!
Mas meu pensamento é comercial!




terça-feira, 19 de abril de 2011

Enfim te deixo ser


Hoje irei espalhar alegria, aproveitar a vida, me apaixona por mim mesmo. Você não está aqui comigo mais e tenho que aproveitar a vida. Eu estou vivo. Eu sei que um dia terei que morrer, mas agora eu estou vivo e tenho que aproveitar a vida, como eu venho dizendo através destes dias.
Eu não sei para onde vamos agora, porque  te encontrei tão tarde e até poderia morrer amanhã. Agora eu sei quem você é e tenho certeza que você nãome faz bem.
Ainda que eu finja nunca ter te conhecido e nem te deixado... nada adiantará, não ficará melhor!
Desculpa, sei e você também que não sou mais quem você conheceu e nem consigo fazer você gostar dessa pessoa que me tornei. Mas me preocupo agora em tirar você da minha mente.
E no fim de tudo isso, as palavras que eu te disse, ainda que eu as tenha pego de outrem, foram  sinceras, por que cheguei à conclusão que era viciado em ti! Eu fui viciado em você!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sobre todas as coisa que não te disse


 
Depois de passar uma tarde pensando em ti,
Levantei e fui ao teu encontro.
Mas apenas me encontrei pensando em nós,
Olhando tua foto, lembrando das poucas palavras que trocamos.

Queria te levar sempre ao meu lado.
A única forma que encontrei foi tatuar tem nome nas costas,
Para, talvez assim, você me proteger da saudade
Que insiste em vir atrás de mim.

Se tivesse que te esperar por mil anos, esperaria.
E até atravessaria oceanos e desertos pra te ter.
As maiores fronteiras são pequenos obstáculos pra mim,
Que atravessaria mares e oceanos pra te encontrar.

O amor nos torna mais humanos.
E tudo isso e aprendi simplesmente ao te conhecer.
Foi ai que passei a ver que tenho um coração,
Que agora anseia, bate e sofre por ti.


terça-feira, 12 de abril de 2011

AS ILUSÕES FICARAM PARA TRÁS



Quando a dor vem me abater
Eu chuto tudo que vem pela frente,
Levanto a cabeça e prossigo meu caminho:
Eu não me rendo!

Quando a escuridão paira sobre mim
Eu me levanto e começo a canta.
Tiro todo o mal que está a minha volta:
Eu dou a volta por cima!

Ilusões fatais,
Erros mortais,
Problemas reais,
Perigos normais.

Quando chega a hora de parar
E eu me sinto amedrontado,
É ai que eu vejo
Que chegou a hora  de começar!

Quando todas pisam em mim,
Eu não me desespero
Só por não ter um ombro amigo:
Eu posso chorar sozinho!

Angústias mortais,
Problemas reais,
Erros normais,
As ilusões ficaram para trás.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Solidão



Meu mundo está mudado,
Não sou o mesmo de antes.
Não posso viver o passado
Pelo menos um instante.

Eu não sei mais o que faço
Para tentar viver em paz,
Mas eu tenho que aprender, pois amanhã
Pode ser tarde demais.

O tempo vai passando e eu ausente,
Fazendo planos para o futuro.
Perdendo meu presente,
Vendo o mundo todo escuro.

Sem saber o que fazer para viver em paz.
Mas eu tenho que aprender,
Pois amanhã pode ser tarde demais.

Eu não sei mais o que faço
 Para tentar viver em paz
Mas eu tenho que aprender, pois amanhã
Pode ser tarde de mais